terça-feira, 31 de maio de 2011

Entrevista com a presidente do Inep Malvina Tuttman, sobre o Enem

Com a saída de Joaquim Soares Neto do Inep (instituto do governo federal responsável pelo Enem), em janeiro, após a crise ocorrida no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a presidência do órgão foi entregue para Malvina Tuttman, reitora da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Em entrevista exclusiva ao R7, ela reconhece os problemas da prova, principalmente em logística e aplicação.
Entre as medidas para melhorar o Enem estão um plano para dar preparo adequado aos fiscais dos locais de prova, diz a presidente do instituto. O exame foi um dos problemas recentes enfrentados pelo Inep e pelo MEC (Ministério da Educação). O Sisu também teve falhas, como lentidão e vazamento de dados dos alunos cadastrados no site. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
R7 - Qual é o “calcanhar de Aquiles” do Enem?
Malvina Tuttman - Eu não percebo um calcanhar de Aquiles. Percebo sim que, como todo processo, [o Enem] tem que ser acompanhado e percebidos os pontos que o fortalecem [...] e outros pontos que são frágeis. Esses pontos que apresentam maior fragilidade precisam ser permanentemente acompanhados e alterados. Soluções precisam ser dadas para essas fragilidades.
R7 - Então é preciso melhorar?
Malvina - Sempre na vida nós precisamos melhorar. Estamos em busca da perfeição. Não vamos conseguir, mas estamos em busca da utopia. [...] O principal ponto de apoio é uma prova bem elaborada. Isso nós temos. Vamos melhorar, mas é incontestável: mesmo entre aqueles que têm críticas à utilização do exame para acesso à universidade, eu ainda não vi críticas à prova, ao instrumento Enem.
R7 - O que é mais complicado? A elaboração da prova ou a logística de aplicação?
Malvina - O Enem [...] não pode ser diminuído na sua importância por um processo que é o de logística, processo que precisa ser aperfeiçoado. O processo de elaboração do exame precisa ser melhorado? Sempre. Mas a logística precisa de um olhar mais atento.
R7 - A senhora diz que o exame hoje apresenta fragilidades. Como resolvê-las?
Malvina - A questão da troca de cabeçalhos, por exemplo, foi rapidamente consertada. Bastou a indicação: não considerem o cabeçalho. E pronto. Pretendemos ter uma participação mais efetiva das universidades [no Enem], que têm mostrado uma experiência importante em aplicação de concursos, seja em vestibulares, seja em concursos públicos.
Estamos agendando encontro com a representação estudantil do nosso país, a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a UNE (União Nacional dos Estudantes). Estamos percebendo alguns pontos que chegam até nós e damos a solução, mas é preciso escutar como o estudante que é candidato está percebendo [os problemas do Enem]. Quais as dificuldades que ele percebe, para que nós possamos atender a essa demanda.
R7 - Os fiscais de prova foram alvo de críticas de vários alunos. Há como orientá-los melhor?
Malvina - Nós estamos já na fase de elaboração de um plano de ação como um todo. Esses são profissionais que estão na ponta e que têm relação direta com os candidatos. Isso nós precisamos ter bastante atenção e uma preparação redobrada, porque são eles, em última análise, a comunicação mais direta com o estudante na ponta.
R7 - O Enem foi alvo de uma batalha jurídica. Isso diminuiu a confiança dos estudantes na prova?
Malvina - Eu quero acreditar que não. [...] A resposta está no aumento do número de candidatos de um ano para outro. Se tivesse causado instabilidade, nós teríamos uma diminuição na procura e também nas universidades. São duas procuras que nos fortalecem: o aumento de candidatos e o aumento de universidades que usam parcialmente ou integralmente o Enem.
R7 - Vamos ter mais edições do Enem em 2011 ou novamente será só uma prova neste ano?
Malvina - Nós estamos fazendo um plano, um projeto do Enem a curto, médio e longo prazo. O ministro [Fernando Haddad] dará essa resposta daqui a pouco tempo, mas nós estamos fechando uma proposta, para não termos surpresa. Nós vamos fazer um desenho alargado no Enem. É o que eu posso te dizer neste momento.
R7 - O MEC estuda retirar o Enem das mãos do Inep, deixando a cargo de uma nova estatal?
Malvina - Não existe essa previsão por parte do MEC nesse momento. A responsabilidade de todos os exames de avaliação é do Inep. Inicialmente, o Enem é usado para outras finalidades, mas a razão com que ele foi criado é avaliar o ensino médio. [...] Portanto não há necessidade de se fazer outro exame para ingressantes, na medida em que ele já está sendo avaliado pelo Enem. O Enem é tarefa do Inep, porque ele serve para várias outras ações. Ele gera dados para outras ações. Ele é responsabilidade do Inep e continuará a ser elaborado pelo Inep.
R7 - O Enem já foi alvo de furto em 2009 e, em 2010, dados dos estudantes vazaram. Em 2011, alunos tiveram acesso a dados de outros por uma falha no Sisu e o próprio ministro, Fernando Haddad, já admitiu que o Inep deve investir mais em TI (Tecnologia da Informação). Como garantir a segurança do Enem e do Sisu?
Malvina - Acredito que o fortalecimento das equipes de TI é importante. Melhor do que eu para falar sobre isso é o secretário [de Ensino Superior], Luiz Claudio Costa – colega meu, pessoa muito competente - e o próprio ministro. Eu posso dizer que, neste momento, o Inep juntou sua capacidade técnica junto à capacidade de TI do Sisu. Vejo que cada vez precisamos nos qualificar. É preciso investir em TI.

Qualquer dúvida deixe a sua pergunta que iremos responder; aproveitando a entrevista responda a enquete ao lado.

domingo, 29 de maio de 2011

Enem chega a 1 milhão de inscritos

Mais de um milhão de pessoas já se inscreveram no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), informou o Inep, que organiza a avaliação, na noite desta sexta-feira. De acordo com o instituto, a marca de 1.003.203 foi atingida às 21h54.
As inscrições para o exame começaram às 10h de segunda-feira e vão ficar abertas até as 23h59 do dia 10 de junho pelo site do Inep.
A prova, usada como seleção em instituições de ensino superior, acontecerá nos dias 22 e 23 de outubro.
A taxa de inscrição é de R$ 35. Alunos da rede pública não pagam e os de escolas particulares podem pedir isenção.
O edital deste ano prevê que a prova do Enem tenha um alerta expresso para que o aluno cheque se a sua avaliação não tem defeitos de impressão.
Os candidatos também não poderão levar celular. Eles deverão colocar o aparelho em um saco plástico que ficará lacrado.